sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Problemas e Atritos em casa....Algo em comum com a personagem do livro......

Duas semanas após minha saída da empresa anterior, e algumas semanas com o fim do meu relacionamento, sem sentimento algum, eu já estava empregado em uma transportadora de materiais pesados.

Era uma empresa com duas filiais e eu cuidava diretamente do faturamento e departamento pessoal, era um emprego bacana, meu encarregado era gay e então nos demos bem logo de cara.

Sempre trocávamos “figurinhas” sobre nossas vidas e experiências sexuais.
Inclusive sobre o meu "suposto namorado".

O meu encarregado era um tremendo amigo, vivíamos nos falando pela internet, celular e tal.
O salário não era um dos melhores, mas eu estava dando continuidade na minha vida, pelo menos até conseguir um emprego que pagasse melhor.
Fiquei por alguns meses na empresa, então o proprietário resolveu fechar a filial em Guarulhos, chegaram a me convidar para trabalhar na matriz, mas preferi sair.

Em casa, eu estava com sérios atritos com o meu pai, ele chegou até a me chamar de come e dorme o que não era verdade, pois desde os 16 anos que eu sempre ajudei nas despesas da casa, (com 16 anos eu já trabalhava fazia alguns temporários em pizzarias e escola de informática e também tinha o dinheiro do magistério).

Desde então eu sempre ajudei nas despesas, mas para ele nunca estava bom, então em 2011 nossos atritos se tornaram cada vez mais constantes, chegamos várias vezes a nos agredir verbalmente, e ele sempre procurando briga.

Meu quarto sempre foi afastado da casa, sim, meu quarto ficava bem próximo a garagem, depois havia uma parte do terreno 2,5mt de distância e ai começava a cozinha, o banheiro, a sala, o quarto dos meus pais, na lateral do terreno a área de serviço.


Desde que fomos morar naquela casa, meu quarto sempre foi separado, também eu estava crescendo então era uma ótima, pois eu tinha a minha privacidade, que quase nunca era respeitada pelo meu pai.
Bom, o fato é que sempre tivemos atritos, mas naquele ano, estavam insuportáveis demais.....


Vivíamos discutindo, e ele sempre fuçando no meu quarto, nos meus objetos, sim, algumas vezes ele chegou até a pegar meu dinheiro que eu deixava na gaveta, isso quando na minha ausência ele não levava pessoas para ver meu quarto e mexer nas minhas coisas, o que eu detestava.
Ele nunca me respeitou como pessoa, tinha sempre a politica esta na minha casa é meu. 

Suportei por mais algum tempo estas provocações, por este motivo podemos entender a causa do meu perfil arrogante.
Continuei desempregado, mas estava pesquisando pessoas no Badoo, claro eu estava a procura de um namorado, afinal eu estava atualmente com 22 anos e sem namorado.
Olhando hoje, percebo que aquele não era o momento para isso...

Conheci alguns caras, sempre me interessei por caras mais velhos, de 28 a 48 anos, isso  por que minha primeira relação sexual com outro homem aconteceu aos 16 anos e o cara tinha 38 anos, e tive uma paixão adolescente por este cara (quem nunca) e ficamos mantendo relações por mais alguns meses......
Mas enfim, eu estava realmente interessado em alguns caras, mas nunca saí do virtual, eu sempre dava algumas desculpas que estava fora do estado e bla bla bla.
Conversei com alguns amigos gays, óbvio, e eles foram me dando algumas dicas de como arrumar um namorado, ou até mesmo um relacionamento a dois...

Bom, absorvi algumas dicas e na mesma época assisti ao filme da “Bruna Surfistinha”, nossa que piegas né....

Realmente, conforme eu fui assistindo o filme, comecei a identificar algumas cenas dela com a família, com o meu cotidiano. Mas não me atentei a isto, alguns dias depois eu estava andando pelo centro e um amigo meu me chamou para ir até o aeroporto, na empresa que ele trabalha, fiquei esperando por ele na asa 1, e vi uma cafeteria e livraria, fui até lá tomei um lato machiatto e pedi para ler um livro, o atendente perguntou qual e então eu respondi, o primeiro que você pegar....

Então ele trouxe um livro e claro não sei se por ironia do destino ou não ele trouxe o livro "O doce veneno do escorpião" escrito por Raquel Pacheco a Bruna Surfistinha. 


Comecei a ler o livro e então comecei a assimilar alguns contos com ocorrências da minha vida, li algumas páginas e então meu amigo chegou. Deixei o livro por lá e fomos dar uma volta.
Ele começou a falar que tinha um colega de trabalho dele que estava querendo me conhecer e bla bla bla.
Bom, marcamos para dar um passeio no sábado, mas eu não conseguia tirar o livro da minha cabeça.

Pesquisei por ele na internet e então baixei um programa para meu celular o IBA, e comecei a ler o livro pelo celular. Li quase metade do livro, eu não conseguia parar.

Então na sexta feira, acompanhei minha irmã até uma escola técnica para uma entrevista de bolsa para minha sobrinha. 
Elas entraram e eu fiquei em uma sala aguardando o retorno delas, estava passando algo na TV a cabo, e então resolvi abrir o aplicativo do celular para ler o livro, enquanto aguardava o inicio do aplicativo olhei para a TV, estava no canal do MULTISHOW, e então anunciaram um novo capítulo da série "OSCAR FREIRE 279", que contava a vida de uma jovem arquiteta de Curitiba que veio morar em São Paulo e tornou-se acompanhante de luxo em um prédio na Rua Oscar Freire no numero 279.

Claro que juntando o comercial, com esta historia, o livro que eu estava lendo, logo me veio às lembranças de quando eu trabalhava na TNG, e então olhei para o lado, havia um espelho enorme na sala, então eu me levantei e me olhei.

Nossa eu me decepcionei com a imagem que eu vi, pois me lembrei de como eu era, como meu corpo era e como minha aparência estava agora. 

Eu era esportista no colégio, ganhei junto com o time várias medalhas no basquete inter-classe e entre escolas, eu era definido, um falso magro, mas definido, e agora estava "ACABADO".


Minha irmã entrou na sala contente, pois conseguiram a bolsa, e então eu comecei a sorrir, mas ela percebeu que eu estava preocupado com algo.

Voltamos para casa e então ela me perguntou o que tinha acontecido, eu dei vários rodeios e não respondi na lata o que havia acontecido, ela entendeu que eu não queria falar e então não falamos mais no assunto.

No mesmo dia durante a noite comecei a lembrar dos momentos que haviam marcado minha vida, desde a minha primeira experiência sexual, até meu primeiro emprego, e fui olhando, fazendo pequenos filmes na minha cabeça, e claro chorei..... Mas não podia me deprimir, afinal no dia seguinte eu teria um passeio para comparecer.....

Confesso que aquela foi uma das piores noites da minha vida, olhar para o passado lembrar como as coisas eram. 
Confesso que, lembrei até das noites que eu e meu pai assistíamos a alguns programas na TV, sempre assistíamos a Praça é nossa e aos domingos o Sai de Baixo.
Mas agora estávamos em constantes atritos. 
Eu tentei traçar um plano mental para entender onde eu havia errado, onde eu havia decepcionado meu pai.


Mas naquela altura, obter o “perdão” ou a amizade dele não me interessava nem um pouco, sequei os olhos e dormi. 

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